domingo, 16 de dezembro de 2018

MUNDIAL DE PISCINA CURTA: O gran finale das nossas minas!


Não podia terminar melhor para a natação brasileira o MUNDIAL DE PISCINA CURTA de Hangzhou. A semente que Renato Cordani plantou foi colhida e, pela primeira vez, o Brasil ganha mais medalhas em provas olímpicas que não-olímpicas num Mundial, terminando na nona colocação com os ouros do Vovô-Garoto Nicholas dos Santos (Unisanta) nos 50 borboleta e do time 4 x 200 livre, e mais seis bronzes. É nossa terceira melhor campanhã, atrás de 2010 e 2014, quando fomos campeões.

O grande destaque foi para nossas meninas, que pela primeira vez medalharam em provas olímpicas individuais em todos os mundiais da FINA. A história começou a ser contada nos 100 borboleta feminino, quando Kelsi Worr... ops, Dahlia (EUA), mostrou dominância do início ao fim para facilmente vencer com 55.01, única abaixo de 56, com Kendyl Stewart (EUA) completando a dobradinha com 56.22. E após uma primeira volta perfeita, quando chegou a liderar com 25.96, a capixaba Daiene Dias (Flamengo) entrou para a história, com não apenas o bronze ao cravar 56.31, como também a primeira medalha individual feminina em provas olímpicas e a quinquagésima do Brasil em Mundiais de Piscina Curta. "Gente, eu estou sonhando. Nossa, passa muita coisa na cabeça. É o resultado de muito treino. Só gratidão ao meu técnico, todo mundo", emocionou-se Daiene.

O melhor ainda estava por vir com os 50 livre feminino. Para Etiene Medeiros (SESI), a tempestade passou. A infelicidade dos 50 costas virou poeira, e ela reagiu da melhor maneira: com uma medalha. Como esperado, mais uma dobradinha holandesa, saindo vitoriosa com novo RC de 23.19 Ranomi Kromowidjojo (HOL), seguida por Femke Heemskerk (HOL), com 23.67. Mas Etiene bateu o recorde das Américas ao fazer 23.76, um bronze com sabor de ouro. "Eu sei do meu potencial no livre, é nato isso. É uma prova que deu final olímpica (no Rio 2016). Fui hoje com a cara e a coragem. É gratificante o esporte porque consegui superar um obstáculo muito difícil para mim. Tem um propósito das coisas acontecerem. Sempre tem um porquê. Mais uma vez essa prova mostrando que tenho potencial de estar em 2020 e brigar por uma medalha. Estou muito feliz". Mas ela deixou claro: ainda vai nadar muito os 50 costas para mostrar que o que aconteceu naquela terrível semifinal foi só um acidente de percurso.


E ainda teve espaço para mais uma medalha, nos 50 peito masculino. Na despedida oficial de Cameron van der Burgh (AFS), vitória do dito cujo, com novo recorde de campeonato: 25.41. Ilya Shymanovich (BLR) veio logo atrás com 25.77. E o sul-matogrossense Felipe Lima (Minas/Auburn) manteve a tradição de nossos peitistas e levou para casa mais um bronze com 25.80. "Estou muito feliz com os resultados. Essa galera nova está vindo para a gente continuar e ganhar cada vez mais. Belisquei o bronze, por muito pouco não consegui a prata", disse Felipe. João Luiz Gomes Júnior (Pinheiros) não repetiu as boas atuações e foi o sexto com 26.02. "Eu fico bastante feliz com a gente ter um brasileiro no pódio. Se fosse eu, o Felipe ou nós dois, eu saio dessa competição de cabeça erguida. Lutei até o final, melhorei meus dois tempos. Se esse não foi o momento, que seja no próximo Mundial, na Coreia", disse João, conformado, mas com sangue nos olhos para 2019.

A outra final brasileira foi a do 4 x 100 medley masculino, com vitória, clara e cristalina, do team USA, com Ryan Murphy (49.63, costas), Andrew Wilson (56.84, peito), Dressel (48.28, borbo) e Ryan Held (crawl - 45.23) somando 3:19.98, novo RC. Atrás, Rússia, com 3:20.61, também abaixo do RC antigo, e destaque para os 55.98 de Kirill Prigoda no peito, e Japão, com 3:21.07, com melhor parcial também no peito, de Yasuhiro Koseki, que fez 55.91. Ao nosso time, de Guilherme Guido (Pinheiros - 49.89, costas), Lima (56.39 - peito), Nicholas (49.42 -  borboleta) e Breno Correia (Pinheiros - 46.30, livre), restou o quarto lugar com 3:22.00. Pelo menos foi honrosa a despedida do Brasil no Mundial. O negócio é ajeitar as trocas.

E no feminino, também deu o soberano time dos EUA, com Olivia Smoliga (55.86), Katie Meili (1:03.52), Dahlia (54.89) e Mallory Comerford (51.31) cravando o novo RC de 3:45.98. 

RESUMINDO A ETAPA
Começamos com o 4 x 50 livre feminino e, adivinhem, outra vitória e recorde de campeonato para os EUA, dessa vez com Madison Kennedy (24.05), Mallory Comerford (23.26), Kelsi Dahlia (23.37) e Erika Brown (23.33) somando 1:34.03 e deixando para trás a Holanda (1:34.55) que até começou na frente com Ranomi Kromowidjojo (23.60) e Femke Heemskerk (23.32). Pena que só as duas tem sido fortes para o time neerlandês... 

Nos 1500 livre, sem Sun Yang (CHN), uma esperada batalha entre Gregorio Paltrinieri (ITA) e Mykhailo Romanchuk (UCR). Nas primeiras 59 piscinas, Gregorio na frente, mas aí veio a última piscina e, qual um leão, o ucraniano deu o ataque definitivo e faturou com o novo RC de 14:09.14, contra 14:09.87 do italiano. A disputa foi tão intensa que o terceiro colocado, Henrik Christiansen (NOR), só chegou quase dez segundos depois, com 14:19.39 - única medalha norueguesa neste Mundial.

Aí vieram os 100 livre e só se queria saber: quem ganha? Chad Le Clos (AFS), Vlad Morozov (RUS) ou Caeleb Dressel (EUA)? O russo largou na frente, com 21.39, mas o norte-americano mostrou ter melhor final e triunfou por dois reles centésimos ante o russo, 45.62 a 45.64. Ao sul-africano, o bronze com 45.89. É daquelas provas fortes que todos querem ver.

Por fim, as provas de 200. Na de peito feminino, prova novamente equilibrada, que chegou a ser liderada pela local Yu Jingyao (CHN), na primeira metade, com 1:06.74. Mas o piano caiu para a chinesa e a disputa só foi definida nas unhas, com vitória para Annie Lazor (EUA), ela que é a namorada de Vinícius Lanza (Minas/Indiana), com 2:18.32, chegando Bethany Galat (EUA) trinta centésimos e Fanny Lecluyse (BEL), 53 centésimos depois, deixando Yu de fora do pódio. E na de costas masculino, surpreendente vitória de Evgeny Rylov (RUS), em terceiro na maior parte da prova, mas ouro com 1:47.02, deixando para trás Ryan Murphy (EUA), com 1:47.34. No bronze, perfeito empate de 1:48.25 com Mitch Larkin (AUS) e Radoslaw Kawecki (POL).

THE STAR-SPANGLED BANNER YET WAVE
E no final do quadro de medalhas, domínio absoluto para a melhor natação do mundo, a dos Estados Unidos. Dezessete vezes ouvimos o Hino americano, com 15 pratas e quatro bronzes, somando 36 medalhas. Logo atrás, a Rússia, com seis ouros, cinco pratas e três bronzes. E com a ajuda de Katinka Hosszu, Hungria em terceiro, com quatro ouros e uma prata. Como antes foi falado, o Brasil foi top-10, ficando com a nona posição.

Em relação a índices técnicos, nosso vitorioso revezamento 4 x 200 livre foi o segundo melhor, somando 1016 pontos, atrás apenas do 4 x 50 livre dos EUA, que teve 1029 pontos. Os mais eficientes foram Chad Le Clos e Katinka Hosszu.

E assim, encerra-se o décimo quarto Mundial de Piscina Curta, que volta a acontecer daqui a dois anos. Em Abu Dhabi. Sabia?

(informações da CBDA, Best Swimming, Yes Swim, SwimSwam, Swimming World e Globo.com - montagem com fotos de Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

Nenhum comentário:

Postar um comentário