Chegou o derradeiro - e mais importante - dia deste TROFÉU MARIA LENK 2016, a última seletiva olímpica da natação brasileira. Não passa de hoje: saberemos quem serão os nossos nomes, os nossos representantes, os que, depois de um ciclo de muito esforço e dedicação, conseguiram lograr o sonho dos JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016.
Mais do que tudo: saberemos se entre esses quais que estarão de novo no Parque Aquático Olímpico da Barra a partir de 5 de Agosto, estará Cesar Cielo (Minas/Arizona). Alcunhado por nós como ELE devido à sua comparação com Pelé, e inspirado no jeito em que o saudoso Walter Abrahão, eterno locutor esportivo da TV Tupi, chamava o próprio Edson Arantes do Nascimento, Cesar teve um ciclo olímpico de altos e baixos.
Desde que foi surpreendido por Florent Manaudou (FRA) e Cullen Jones (EUA) nos Jogos de Londres, eles que nem favoritos eram antes da final dos 50 livre, e ficar com um amargo bronze, ele começou a decair. No fim daquele ano, ainda treinado por Alberto Pinto da Silva, o famoso e popular Albertinho, participou do TROFÉU JOSÉ FINKEL, mas os joelhos gritaram de tanta dor e ele teve de abdicar do Open de Guaratinguetá e, por conseguinte, do Mundial de Istambul. Outrossim, Eduardo Bandeira de Mello assume a presidência do Flamengo, seu clube à data, e resolve extinguir o time sênior, demitindo ELE, Nicholas dos Santos, Thiago Pereira, Joanna Maranhão, Etiene Medeiros, Daynara de Paula, Sarah Corrêa (1992-2015) e muitos outros que formavam um time de sonhos.
2013 começa com o polêmico Pro-16, um projeto liderado por Albertinho e que envolve ELE, Thiago e Nicholas, com treinamentos diários no Centro Olímpico, no Ibirapuera, em São Paulo. Mas o projeto não dá resultados e a parceria Cielo-Albertinho se desfaz. Sem espaço em clubes grandes, resolve, agora novamente treinado por Scott Goodrich, competir pelo Clube de Campo Piracicaba, clube de sua juventude. O objetivo: o MUNDIAL DE BARCELONA.
Após treinos na Holanda, um renascimento: sai do Palau Saint Jordi com duas medalhas de ouro: uma nos 50 borboleta (23.01) e a segunda, mais comemorada, nos 50 livre, com 21.32, dando o troco no favoritíssimo Manaudou, quinto lugar naquele certame. Depois disso, se muda para o Arizona para defender o Sun Devils em torneios norte-americanos. O ano termina com uma efêmera participação no Open de Porto Alegre, quando, nas eliminatórias, é batido por Bruno Fratus (Pinheiros/Auburn) pela primeira vez, com 21.82 do potiguar e 21.92 d'ELE. Chateado, pouco antes de uma tomada de tempo entre Henrique Martins (Minas) e Walter Lessa (São José), ele sobe à cabine de som e, minutos depois, Rodolfo Carneiro anuncia: "comunicamos a todos que o nadador Cesar Cielo, do Clube de Campo de Piracicaba, acaba de desistir da final dos 50 metros livre".
Depois disso, a relação entre Goodrich e ELE se estremeceu. Após mais uma derrota para Fratus, no GP de Orlando, mais uma vez eles rompem, e Cielo assina com o Minas, passando a morar em Belo Horizonte e a ser treinado pelo australiano Scott Volkers. Aparentemente dá resultados a mudança: no TROFÉU MARIA LENK daquele ano, fez 21.39, o melhor tempo do mundo até então naquele ano, e resolve preparar-se para o Mundial de Doha. Só não contava que Florent Manaudou estava de volta, mais forte e melhor.
No Open da França, vitória do Francês, com 21.71. e bronze para ELE, 22.07. Depois, Finkel em Guaratinguetá e três índices: 50 (20.72) e 100 livre (46.08), vitórias, e 50 borboleta (22.46), segundo lugar. Nisso, Goodrich e ELE fazem as pazes e o nosso melhor nadador volta a se preparar com ele em Arizona. No Mundial, uma participação sensacional. Em que pese mais um bronze nos 50 livre, com 20.88, sendo de novo superado pelo agora recordista mundial e Carrasco (20.26), o que foi provocado pela saída ruim, ele ajudou o Brasil a ser campeão geral no quadro de medalhas com o troco dado nos 100 livre, com 45.75, e ainda foi ouro nos revezamentos 4×100 medley e 4×50 medley misto.
2015 começa e ELE muda de treinador de novo: agora uma grande equipe liderada por Charles Ricardo Lopes, Arilson Silva passa a ser seu Coach. Mas as nuvens negras não saíram de seu horizonte: no Fluminense, nenhum ouro, sendo superado respectivamente por Fratus nos 50 livre, Nicholas nos 50 borboleta e Matheus Santana (Unisanta) nos 100 livre. Na França, Manaudou o derrotou de novo com 21.61 contra 22.15. No Pan de Toronto, sequer participou. No MUNDIAL DE KAZAN, o sexto posto nos 50 borboleta, 23.21 e dores nas costas o forçam a desistir, deixando o caminho livre para o Carrasco ser o melhor nadador dos 50 livre sem trajes, 21.19.
No meio disso tudo, um pequeno raio de sol, com o nascimento de Thomas, seu primogênito da relação com a modelo e estilista Kelly Giesch. Mas o tempo volta a ficar carregado com um horroroso 49.55 no OPEN DE PALHOÇA, já nas eliminatórias. Tchau, Open.
E tudo isso nos leva a hoje. Depois do primeiro índice, 48.97, mas longe dos 100 livre do qual ainda é recordista mundial, e de novo treinado por Scott Goodrich, ele está a menos de uma hora do seu destino. Diz ele que ainda sente dores, mas que está preparado para mostrar ao mundo que ainda é ELE. Do contrário, já tem gente (eu não me incluo) que aposta que nos próximos dias, ele não mais falará como nadador. Por isso, hoje é o dia mais importante da natação brasileira.
Cielo ou não? Em menos de uma hora, vamos saber.
(baseado em texto da Best Swimming - foto de Satiro Sodré/SSPress/CBDA)
Nenhum comentário:
Postar um comentário