A vida é a melhor professora. Ela, às vezes, nos ensina que intempéries fazem parte do nosso destino, e a gente não pode mesmo controlá-las. Mesmo que a gente se prepare, algo pode acontecer e nos tirar de um caminho há muito planejado. A isso chamamos, às vezes, derrota. Dói, mas se não aceitarmos, o que seria da nossa vida? E o mais recente exemplo disso - com relação a esportes aquáticos - aconteceu neste domingo, no Guarujá. Mais precisamente, na Praia do Guaiuba.
Nossa campeã, Poliana Okimoto, recém-aposentada, estava preparando uma maratona aquática que levaria o seu nome, como parte de um workshop onde ela ensinaria a atletas consagrados e iniciantes a arte da maratona e tudo que ela aprendeu para ser campeã mundial e medalhista de bronze nos JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016. Na sexta e no sábado, o workshop foi um sucesso: palestras lotadas, treino no mar. Presenças confirmadas, inclusive, de Etiene Medeiros (SESI) - esta estreando em maratonas, Danielle Roncatto (Unisanta), Betina Lorscheitter (GNU) e Alexandre Finco (GNU). 500 inscritos. Muitos começando suas jornadas nas águas, crianças inclusive. Era uma celebração ao esporte que nos deu tantas alegrias.
Mas ninguém contava com a passagem de uma forte frente fria pela Baixada Santista logo no domingo. Esta mesma frente tinha provocado forte ventania no leste do estado paulista e resolveu atrapalhar a festa. Ventos muito fortes, de 60 km/h, ondas tão fortes quanto. Tudo foi tentado: caminho alternativo, boias alternativas, menor percurso. Mas não deu. A natureza disse não. E às 9:30, Igor de Souza, um dos entendidos de maratona aquática, anunciou, para tristeza de todos, o cancelamento do que seria a I TRAVESSIA POLIANA OKIMOTO.
Visivelmente emocionada, tendo seu nome gritado pelos atletas, Poliana demonstrou sua chateação: "estou bem frustrada porque eu fiz esse evento com muito carinho e amor. Tomar a decisão de cancelar a prova foi difícil, porque eu sonhei muito com esse dia, estava me preparando. Foi uma derrota para mim tão doída como em Londres (quando a hipotermia a impediu ir adiante no Hyde Park). Mas nesses 20 anos de maratona aquática sei como é difícil um mar desses. Foi uma decisão acertada. Mas não vou desistir, porque aprendi a não desistir. Este ano será praticamente impossível para mim, mas ano que vem farei de novo, quem sabe com sol e mar calmo".
E nisso vemos como Poliana é vencedora, mesmo com essa derrota. Ela ama este esporte e quer criar novos atletas que herdarão esta paixão e, quem sabe, serem campeões, tão campeões como ela foi. Não se poderia perder, por exemplo, uma criança de 9 anos em um mar revolto. Ser campeão, às vezes, é aceitar que a vida pode dizer não, mas um sim forte virá em breve. Faz parte do jogo. Claro que, como fãs do esporte aquático, estamos também tristes. Mas "a alegria vem pela manhã" e um novo amanhecer virá não só para esses 500 guerreiros, mas para Poliana, que, sem dúvidas, tem muito a ensinar.
(foto do instagram de Poliana Okimoto)
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