quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

MUNDIAL DE PISCINA CURTA: A maldição da última piscina...


Foi um dia forte o segundo de finais do MUNDIAL DE PISCINA CURTA de HANGZHOU. Mas, para o Brasil, foi, de novo, o dia do quase. Mesmo tendo feito bons tempos em eliminatórias, novamente a última piscina vitimou nossos representantes (com exceção do revezamento 4 x 50 livre misto) e não vimos nenhum representante nosso no pódio. Mas, calma, eles ainda vão ter muito o que falar na natação mundial.

A começar pelos 100 costas masculino. Guilherme Guido (Pinheiros) começou muito bem, liderando com 23.44, mas ele errou logo a última virada e não foi além do quinto lugar (repetirei muitas vezes esta frase), com 49.75. Se servir de consolo, foi tempo melhor que o bronze dele em Istambul 2012, que era 50.50. "Na natação, qualquer erro, por menor que seja, pode ser fatal. Fiz tudo o que podia, mas cometi um pequeno deslize nos últimos metros, e isso não é perdoável", disse, racional, Guido. O triunfo coube ao sempre favorito Ryan Murphy (EUA), com 49.23, deixando para trás Jiayu Xu (CHN) por três centésimos, confirmando esse ser o grande duelo da prova neste fim de década. A sensação russa Kliment Kolesnikov (RUS) completou o pódio com 49.40.

A maldição continuou nos 200 livre masculino. Luiz Altamir e Breno Corrêa (ambos do Pinheiros) mantiveram o nível e disputaram segundo e terceiro nas seis primeiras piscinas. Mas Altamir se cansou na reta final (parcial de 27.05) e foi o oitavo com 1:42.72. Já Breno estava com a medalha na mão, mas errou logo no finalzinho - colocando o braço para baixo da água, segundo Alexandre Pussieldi - e deixou-a escapar, novamente sendo quinto colocado, por oito reles centésimos (1:42.36). O pódio foi formado por Blake Pieroni (EUA), 1:41.49, Danas Rapsys (LTU), 1:41.78 e Alexander Graham (AUS), 1:42.28. "Travei como nunca antes", disse Breno, que, entretanto, não se deixou abater: "aqui tudo era possível, e lutar de igual para igual com essas feras já me deixa satisfeito", disse. Prenúncio de mais resultados gloriosos?

Essa maldição também vitimou Larissa Martins Oliveira (Pinheiros) nas semifinais dos 100 livre feminino. Ela - que foi para a primeira eliminatória - até foi bem, com o terceiro posto, mas novamente sentiu a piscina final: com 52.98 foi a quinta colocada na série e décima primeira no geral, ficando a 27 centésimos de Barbora Seemanova (CZR), oitava no geral. Femke Heeskerk (HOL) largará da raia 4 após fazer 51.84. A outra brasileira, Manuella Lyrio (Pinheiros), ficou pelo caminho nas eliminatórias porque fez 54.38.

Bem, no 4 x 50 livre misto, poucas chances mesmo de medalha para o Brasil, e novamente fomos quinto, com Matheus Santana (Pinheiros, 21.35), ELE (Cesar Cielo, 20.80, quinto tempo masculino no geral), Larissa (24.45) e Etiene Medeiros (SESI, 23.31, terceiro tempo feminino no geral) cravando 1:29.91, um bom tempo diante do nível apresentado. E Etiene ainda aproveitou para homenagear Cielo, que está em seu (possível) último certame como atleta: "queria aproveitar que foi meu último revezamento com o Cielo e dizer um muito obrigada a ele, porque poucos tem essa oportunidade e ELE foi um exemplo para mim", disse a pernambucana. A vitória e o novo WR couberam aos EUA, com Caeleb Dressel (com o tempo mais rápido e novo recorde americano, 20.43), Ryan Held (20.60), Mallory Comerford (23.44) e Kelsi Dahlia (23.42) fazendo 1:27.89, seguidos pela Holanda (1:28.51) - com Femke fazendo 23.07 e Ranomi Kromowidjojo, 23.09, só elas mais rápidas que Etiene - e Rússia com 1:28.73, com Vlad Morozov (RUS) tendo feito 20.75 e Evgeny Sedov (RUS), 20.66.

Ainda falando em revezamentos, o 4 x 50 livre feminino dos EUA também foi recordista mundial, com 1:42.38 formado por Olivia Smoliga (25.97), Katie Meili (29.29), Kelsi Dahlia (24.02) e Mallory Comerford (23.10). Que fase dos revezamentos americanos.

ADEUS CERTO
Se ELE não tem certeza de que vai se despedir das águas, um já deixou claro isso: Cameron van der Burgh (AFS), nesta quarta, disse que está finda também sua vitoriosa jornada. E o adeus foi consagrado com RC, nos 100 peito masculino. Mesmo saindo da raia 7, ele mostrou para o mundo que, estando numa final, ninguém o segura. Ele fez 56.01 e derrubou os 56.29 que Felipe França (Unisanta) fizera em Doha. Aliás, Ilya Shimanovich (BLR), com 56.10, e Yasuhiro Koseki (JAP), com 56.13, também fizeram tempos melhores que França. Ê João, ê Lima...

Com esta vitória, está consumada uma grande carreira de um dos melhores nadadores que o mundo já viu, e o homem que colocou a África do Sul no mapa da natação mundial. Cameron se despede com duas medalhas olímpicas, 10 medalhas em Mundiais de Piscina Longa, 7 medalhas em Mundiais de Piscina curta e 10 medalhas em Commonwealth Games, além de três títulos de Copa do Mundo. Agora ele deixa as águas para ser empresário full-time numa petrolífera em Londres.

Obrigado por tudo, Cameron! A natação muito deve a você!

A IRON LADY TAMBÉM ERROU
Sempre favorita em todas as provas que disputa, Katinka Hosszu (HUN) teve também um dia disputado. Em um final emocionante nos 200 borboleta feminino, a Iron Lady tirou tudo o que tinha e que não tinha para vencer Dahlia por treze centésimos: 2:01.60 contra 2:01.73 - o segundo tempo, para compensar, é o novo Recorde Americano. Uma prova disputada, com trocas de liderança entre as duas, sendo, até então, a mais emocionante prova feminina do prélio. Até então.

Porque os 100 costas feminino seriam tão emocionantes quanto. E a situação se inverteu. Lembra daquele erro do Breno, que lhe custou a medalha? Pois bem, a Iron Lady fez a mesma coisa, um erro que custa segundos, e dessa vez isso lhe custou o ouro. Smoliga faturou com 56.19, com Katinka fazendo 56.26 para ser prata. É, os mitos também erram...

PROGRAMAÇÃO DA TERCEIRA ETAPA
E assim, resumida a segunda etapa - aqui, os resultados completos - teremos as finais dos 100 borboleta masculino com Dressel contra Le Clos e dos 100 livre feminino, e mais as eliminatórias dos 100 medley masculino (Diego Cândido Prado), 50 borboleta feminino (Daiene Dias), 50 costas masculino (Guido), 100 medley feminino (sem BRA), 50 livre masculino (ELE e Matheus), 200 costas feminino (sem BRA), 200 peito masculino (Caio Pumputis) e 4 x 50 misto medley. Agora é orar forte para que toda maldição seja quebrada...

(informações da CBDA, Best Swimming, SwimSwam, Yes Swim, Globo.com e Swim Channel - foto de Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

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