terça-feira, 21 de junho de 2022

MUNDIAL DE BUDAPESTE: Resumindo os três primeiros dias


Já se foram três dias e meio de MUNDIAL DE ESPORTES AQUÁTICOS em Budapeste, e pelo que vi, posso resumir em uma frase: esperava mais. Não sei se pela falta de feras, pelo envelhecimento de algumas ou por gente favorita rodar. Eis algumas visões do que aconteceu na Duna Arena.

Para os que falaram que Guilherme Cachorrão Costa (Unisanta) fracassou na final olímpica dos 800, a resposta veio com um 400 livre digno do apelido que ele carrega, que já trato como sobrenome. Já deveria bastar ter batido o Recorde Sul-Americano na eliminatória, com 3:44.52. Mas, vocês sabem, para um nadador, isso nunca basta. Com sangue nos olhos pela final dos 400 que perdeu por pouco em Tóquio, ele e Rogério Karfunkelstein tinham a estratégia certa. E não é de hoje que eu notei: ele, entre TODOS - eu disse, TODOS - os nadadores do Brasil, tem o melhor final. Então, depois de 350 metros cozinhando, entre quinto e sétimo, ele explodiu, deixou a concorrência para trás e logrou sua primeira medalha em mundiais, bronze com um tempaço de 3:43.31 (obviamente, novo RS), melhor até que o 3:43.36 de Ahmed Hafnaoui (TUN), vencedor nos Jogos Olímpicos. Podem anotar: a melhor fase dele é essa.

Por sua vez, o que dizer do vovô-garoto Nicholas dos Santos (Unisanta)? Ele foi a personificação da frase "uma raia, uma chance". Ele fez uma eliminatória ruim para seus padrões e uma semifinal longe do melhor que mostrara, mas suficiente para o oitavo tempo (23.03). Mas ele está no panteão dos melhores não é à toa, e isso porque em fevereiro ele completou nada menos que 42 anos. E aí veio a final. E vimos o Nicholas que queríamos ver: um voo espetacular e a terceira prata, quarta medalha no total, com 22.78 (mais um pouco, eu arriscaria que ele ganhava do Caeleb Dressel, que fez 22.57). O maior medalhista em mundiais! Apenas! E olha que vem aí o Mundial de Piscina Curta, em Melbourne. Será o último ato? Acho que não...

Já quanto aos revezamentos 4 x 100 livre, pela primeira vez na história, as meninas foram melhores que os meninos do Brasil. Enquanto Gabriel Silva Santos (Pinheiros), Marcelo Chierighini (Pinheiros), Felipe Ribeiro (Unisanta) e Vinícius Assunção (SESI) até melhoraram seus tempos, mas foram sétimo com 3:12.21 (esperado), Ana Carolina Vieira (Pinheiros), Stephanie Balduccini (Paineiras), Giovanna Diamante (Pinheiros) e Giovanna Reis (Pinheiros), ainda que não batendo o recorde continental, fizeram muito melhor com o sexto lugar e o bom 3:38.10. Se melhorar ainda mais, podemos sonhar.

Mas três finais certas foram pro espaço: nos 50 peito, João Luiz Gomes Júnior (Pinheiros) deu uma pernada para baixo (de borboleta) logo após a última braçada na semifinal. À hora, não se viu, mas o VAR denunciou isso, Renato Cordani concordou e pode ter voado talvez um ouro para o Brasil. Injusto, mas correto o veredito. Para compensar, Felipe França (Minas) voltou à final, com o oitavo tempo. E nos 200 livre, o piano caiu para Fernando Scheffer (Minas) e Stephanie Balduccini. Scheffer estava indo muito bem nas três primeiras piscinas, mas se esforçou demais e "morreu" com 1:46.06, sendo o nono - em vitória e WJR de David Popovici (ROM), 1:43.21. Já no feminino, poderíamos contar até com La Balduccini na semifinal, se ela tivesse seguido na boa frequência dos 150 primeiros metros, mas novamente o final foi grave e ela não foi além de 1:57.54, 12º lugar. Mas não foi ruim: foi seu melhor tempo e ela tem o que melhorar. Confiem.

A se exaltar também os 1500 livre feminino brasileiro. Beatriz Dizotti (Unisanta) fez 16:05.25 e bateu o Recorde Nacional, sendo a sexta colocada e, logo atrás, em sétimo, Viviane Jungblut (GNU), com 16:13.89. O 15 alto vai sair, ah, se vai. Nem preciso dizer quem ganhou a prova, né? Ela mesma, Katie Ledecky (EUA), com 15:30.15.

O Mundial segue. Minha expectativa: cairá o WR dos 100 livre masculino. Ao menos conseguiremos mais um pódio. E espero que a competição melhore.

(baseado em informações do Best Swimming - fotos de Satiro Sodré/SSPress/CBDA)


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