Ontem, quinta-feira, dia 26 de Novembro, foi celebrado o Dia de Ação de Graças, tradicional celebração cristã em que as famílias se unem para jantar e agradecer a Deus por um ano de lutas e vitórias. Nos Estados Unidos, o Thanksgiving é uma instituição cristã, só não sendo mais importante que o Natal. Não são raras as imagens de famílias que se reunem para orar antes de comer um suculento peru.
Para os nadadores, é tempo de agradecer também. E, por isso, trago a vocês um texto de Mariana Magalhães de Paula, nadadora que passou por Unisanta e Pinheiros, mas agora defende, junto com a irmã Ana Cristina (na foto, Mariana é a primeira da esquerda para a direita, Ana é a última) e Nicole Chabot, também do Pinheiros, apenas as cores da West Florida University, onde ela estuda jornalismo e é estagiária na Swimming World Magazine, nada menos que uma das maiores revistas do munodo no ramo da natação.
Lá, ela publicou um texto agradecendo à natação pelos anos de dedicação, vitórias, derrotas, treinos, sangue, suor e lágrimas.
Com a sua autorização e ajuda, traduzi o texto e, vos confesso, fiquei assaz emocionado, porque ela fala em nome de todos os nadadores do mundo. Leiam. E se emocionem também.
Para a melhor coisa de todas que eu fiz.
Neste novembro, eu sou grata pelo que tive a oportunidade de aprender na vida. Sou especialmente grata pelo esporte que me fez viajar o mundo e me permitiu que vivesse meus sonhos.
Um esporte que requer compromisso obsessivo, independentemente do nível competitivo. Um esporte que eu aprendi a amar mais e mais, e nunca vou saber parar de amar. Um amor que vai além de qualquer crescimento de ano Olímpico.
Natação pode te fazer pirar. O fator cloro, adicionado a horas de ter sua face debaixo d'água, trancado num completo silêncio parece um pouquinho louco. Ninguém a quem falar, ninguém que possa fazer isso por você. O verdadeiro esporte individual.
Você enfrenta dificuldades que vão além dos problemas comuns de saúde. Nadadores tem constante risco de lesão, tanto na parte superior quanto inferior do corpo. Nós enfrentamos o stress e a ansiedade em dose diária, e aprendemos como lidar com isso. Muitas vezes eu me senti desesperada após corrigir um detalhe no meu nado, e terminei agregando 10 outros elementos errados.
Apesar de todas as dificuldades que posso contar, eu não poderia ter escolhido algo melhor. Todas as pedras no caminho foram essenciais para terem-me feito uma nadadora melhor. Talvez porque somente algo que te faz se sentir tão vivo também te faz sofrer. Porque mesmo depois de anos longe do melhor tempo da minha vida, nunca ouve um dia sequer ao qual minha decepção excedeu minhas esperanças.
Eu ainda não encontrei satisfação melhor que encerrar um treino da manhã. Nada para descrever "realização" melhor do que sentir tanta dor no final de um treino e saber que você deu absolutamente tudo de si naquele dia; Eu ainda não sei como controlar a adrenalina que corre pelas minhas veias quando vejo alguém competindo, como se meu coração estivesse desesperadamente me chamando para voltar à piscina.
O vazio do silêncio te faz mais forte. Sua cara na água te força a organizar seus pensamentos e construir uma mentalidade que faz ciumentos todos os outros atletas. Isso me fez uma definição real de "poder psicológico". Reconhecimento, na natação, vai ser apenas um problema para os que buscam isso pela fama. Amor não busca reconhecimento ou atenção. Nadadores, como eu, são movidos pelo desafio.
Ah, e o tempo... Se há algo que os nadadores apreciam como ninguém é o valor de um segundo. Um centésimo de segundo pode separar você do primeiro lugar. Um décimo de segundo é o que pode te tirar do final com o qual você sempre sonhou. Um segundo é a diferença entre você e aquele índice ao qual você nunca parece alcançar. Dez segundos é o exato intervalo numa série que você pensar não ser suficiente para recuperar. Até mesmo meses de recuperação de uma lesão podem valer dolorosamente a pena a longo prazo.
Tempo é a chave que carregamos a nosso favor para construir sucesso pela vida toda.
Após um tempo, você aprende como amar o esporte, e tudo sobre ele. Você aprende a ganhar com humildade - mas acima de tudo, você aprende como lidar com o fracasso.
Natação não me define, mas definitivamente deu forma à pessoa a qual sou. E por esta razão, eu creio ser o melhor esporte de todos.
Sou grata pelo dia em que pus os pés numa piscina pela primeira vez.
Não posso me imaginar sem o esporte que abriu caminho à minha vida inteira.
Como escrevi num poema anos atrás:
"Eu não sou, depois de tudo, o que faço
Eu descobri
Que no fim do dia
Eu sou o que sinto.
Sempre fui
Sempre serei".
Neste novembro, eu sou grata pelo que tive a oportunidade de aprender na vida. Sou especialmente grata pelo esporte que me fez viajar o mundo e me permitiu que vivesse meus sonhos.
Um esporte que requer compromisso obsessivo, independentemente do nível competitivo. Um esporte que eu aprendi a amar mais e mais, e nunca vou saber parar de amar. Um amor que vai além de qualquer crescimento de ano Olímpico.
Natação pode te fazer pirar. O fator cloro, adicionado a horas de ter sua face debaixo d'água, trancado num completo silêncio parece um pouquinho louco. Ninguém a quem falar, ninguém que possa fazer isso por você. O verdadeiro esporte individual.
Você enfrenta dificuldades que vão além dos problemas comuns de saúde. Nadadores tem constante risco de lesão, tanto na parte superior quanto inferior do corpo. Nós enfrentamos o stress e a ansiedade em dose diária, e aprendemos como lidar com isso. Muitas vezes eu me senti desesperada após corrigir um detalhe no meu nado, e terminei agregando 10 outros elementos errados.
Apesar de todas as dificuldades que posso contar, eu não poderia ter escolhido algo melhor. Todas as pedras no caminho foram essenciais para terem-me feito uma nadadora melhor. Talvez porque somente algo que te faz se sentir tão vivo também te faz sofrer. Porque mesmo depois de anos longe do melhor tempo da minha vida, nunca ouve um dia sequer ao qual minha decepção excedeu minhas esperanças.
Eu ainda não encontrei satisfação melhor que encerrar um treino da manhã. Nada para descrever "realização" melhor do que sentir tanta dor no final de um treino e saber que você deu absolutamente tudo de si naquele dia; Eu ainda não sei como controlar a adrenalina que corre pelas minhas veias quando vejo alguém competindo, como se meu coração estivesse desesperadamente me chamando para voltar à piscina.
O vazio do silêncio te faz mais forte. Sua cara na água te força a organizar seus pensamentos e construir uma mentalidade que faz ciumentos todos os outros atletas. Isso me fez uma definição real de "poder psicológico". Reconhecimento, na natação, vai ser apenas um problema para os que buscam isso pela fama. Amor não busca reconhecimento ou atenção. Nadadores, como eu, são movidos pelo desafio.
Ah, e o tempo... Se há algo que os nadadores apreciam como ninguém é o valor de um segundo. Um centésimo de segundo pode separar você do primeiro lugar. Um décimo de segundo é o que pode te tirar do final com o qual você sempre sonhou. Um segundo é a diferença entre você e aquele índice ao qual você nunca parece alcançar. Dez segundos é o exato intervalo numa série que você pensar não ser suficiente para recuperar. Até mesmo meses de recuperação de uma lesão podem valer dolorosamente a pena a longo prazo.
Tempo é a chave que carregamos a nosso favor para construir sucesso pela vida toda.
Após um tempo, você aprende como amar o esporte, e tudo sobre ele. Você aprende a ganhar com humildade - mas acima de tudo, você aprende como lidar com o fracasso.
Natação não me define, mas definitivamente deu forma à pessoa a qual sou. E por esta razão, eu creio ser o melhor esporte de todos.
Sou grata pelo dia em que pus os pés numa piscina pela primeira vez.
Não posso me imaginar sem o esporte que abriu caminho à minha vida inteira.
Como escrevi num poema anos atrás:
"Eu não sou, depois de tudo, o que faço
Eu descobri
Que no fim do dia
Eu sou o que sinto.
Sempre fui
Sempre serei".
(texto original da Swimming World aqui - agradecimentos a Mariana Magalhães de Paula pela autorização e pela revisão final na tradução - foto de Jennifer Starck)
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