Em 1989, aconteceu pela primeira vez na cidade de Santos o TROFÉU JOSÉ FINKEL. Pela primeira vez os melhores atletas do Brasil se encontraram na piscina do Internacional de Regatas, na Ponta da Praia. O Curitibano, com Christiano Michelena à frente, estava pronto para comemorar o seu primeiro título nacional da história. Entretanto, uma nadadora do Minas foi internada às pressas, com suspeita de meningite. Não restou à Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos outra opção que não suspender o campeonato, que não teve vencedor. Até hoje, os torcedores do Jacaré de Curitiba lamentaram e choraram sem ter um título nacional na sala de troféus. Vou repetir com muita ênfase: ATÉ HOJE.
Porque exatamente neste 4 de novembro de 2017, 28 anos e alguns meses depois, pela primeira vez o Curitibano soltou o grito de campeão. O Jacaré, um dia após completar 113 anos, é o novo dono do CAMPEONATO BRASILEIRO INFANTIL - TROFÉU MAURÍCIO BEKENN, terminado neste sábado, no Grêmio Náutico União, em Porto Alegre. O time do Batel terminou com 324 pontos, seguido do Corinthians, que chegou a ameaçar, mas terminou com 282,5. Em terceiro, outra grande surpresa: o Novos Cielos (ex-Centro Olímpico), de colher os frutos de um trabalho bem organizado, inclusive com treinos depois das competições, e findou a jornada com 211,5 pontos, e, inclusive, com o título do Infantil I, tendo 99. Os locais terminaram logo atrás, com 195 pontos, um à frente do Minas, que completou o top-5.
Grande parte do sucesso do Curitibano pode ser explicado no maior de todos os nomes desta competição: Gustavo Saldo. Neste sábado, ele comprovou porque tem sido muito falado por todos os sites de natação - fora do Brasil, inclusive - como um dos maiores nadadores da geração Paris 2024. Isso com duas vitórias, praticamente, uma depois da outra. Começarei pela segunda.
Nos 400 livre infantil II, ele não chegou a ameaçar o recorde sensacional de Murilo Sartori (Americana, 4:01.70), mas venceu com sensacionais 4:07.10. Isso porque antes ele tinha feito história. Dizem todos que lotaram a piscina do Grêmio Náutico União que os 200 borboleta infantil II foram a melhor prova da história do Troféu Maurício Bekenn. Primeiro porque caiu um recorde brasileiro de categoria que durava 19 anos, de 2:06.70, feito por um então futuro promissor nadador chamado Kaio Márcio (hoje no Minas). Segundo, porque ambos os dois primeiros colocados, Saldo e Mateus Assunção (Novos Cielos), nadaram debaixo deste tempo um centésimo depois do outro: 2:05.20 contra 2:05.21. Saldo terá o nome nos balizamentos doravante, mas todas as palmas do mundo vão para esses dois nadadores. Por esses e outros motivos, Saldo teve o melhor índice técnico (708, pelos 200 livre) e foi o atleta mais eficiente do Infantil II, com 56 pontos. Não sou muito de criar expectativas, mas pode ser que tenhamos visto a primeira grande autuação do maior nadador do país na próxima década (junto com Murilo Sartori).
Pelo lado do Infantil 1, só deu Stephan Steverink (Novos Cielos). O Holandês Voador venceu mais uma, nos 200 borboleta também, com 2:16.32, e apesar de não passar perto dos 2:08.54 que marcam o recorde brasileiro de categoria feito por Luiz Altamir (então no Hedlace, hoje no Pinheiros) há 8 anos, no tempo dos trajes, fechou com chave de ouro a sua participação que lhe rendeu os prêmios individuais, sendo o melhor índice técnico com os 400 Medley e os mesmos 56 pontos de eficiência.
No feminino, o grande destaque ficou mesmo para Fernanda Celidônio (ASBAC). Mesmo com a derrota para Yasmin Viana (Novos Cielos) nos 200 borboleta, ela foi a mais eficiente do Infantil II com 54 pontos e ainda teve o melhor índice técnico geral pela sensacional prova dos 100 costas (1:02.51), com 803 pontos. Imagina o que ela pode fazer no Open! No Infantil I, o nome não podia ser outro: Giovana Medeiros (Corinthians). Vitoriosa nos 400 livre com 4:29.55, ela teve 56 pontos de eficiência e o melhor índice técnico com 722 pontos dos 100 livre. Isso porque ela voltava de lesão. Nichelly Lysy (Corinthians) também foi destaque na etapa final, mas não roubou o prêmio de eficiência de Celidônio porque inexplicavelmente caiu de produção no fim dos 100 peito. Poderia ter batido o RBC de Mayara Nascimento (então no Curitibano, hoje aposentada) de 1:12.15, mas no fim perdeu força e terminou com 1:12.79. Outro que chegou perto, muito perto, foi Raphael Windmiller (Novos Cielos), também nos 100 peito infantil II. O RC ainda é de Pedro Cardona (então no Hebraica, hoje no Pinheiros), com 1:07.09, e Cardona ainda tem o RBC com 1:06.75. Windmiller errou a chegada e ficou com 1:07.17, mesmo assim seu melhor tempo. Também podemos exaltar seus grandes feitos no futuro. Todos os resultados cá estão.
E assim terminou aquele que foi o melhor Brasileiro Infantil de todos os tempos. Com certeza estará surgindo a melhor geração da natação brasileira, depois de uma séria crise. Esperemos que isso possa se repetir no TROFÉU CARLOS CAMPOS SOBRINHO - BRASILEIRO JUVENIL, no Minas, daqui a três semanas.
(informações do Best Swimming, CBDA e Yes Swim - fotos de Satiro Sodré/SSPress/CBDA)
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