domingo, 21 de abril de 2019

TBML: And in the end...





Está consumado o 59º CAMPEONATO BRASILEIRO ABSOLUTO DE NATAÇÃO, também conhecido como TROFÉU BRASIL MARIA LENK. Um campeonato com incertezas, grandes disputas e o mesmo final desde 2015: Pinheiros campeão. O Azulnegro do Jardim Europa, cada vez mais o maior campeão, faturou o 18º certame de sua história, após cravar 2789 pontos. Líder desde a segunda etapa, o Minas foi superado no final e, com 2565 pontos, é vice e segue o jejum desde 2013. O Corinthians, campeão de 1964, 1965 e 2014, foi o terceiro com 998 pontos. A Unisanta foi a "campeã do interior", sendo a melhor entidade fora de capitais, levando para Santos o quarto lugar com 879 pontos, e o Flamengo, segundo maior campeão do prélio, foi desta vez o quinto com 659 pontos. O placar completo conferem.



A vitória foi definida por mais um recorde sul-americano de Jhennifer Alves da Conceição (Pinheiros) nos 50 peito, ao derrubar por três centésimos o tempo que fizera pela manhã: 30.47. "De manhã foi surpresa como eu falei para vocês. De tarde tinha almejado. Talvez uma chegadinha ali, uma braçadinha a mais, poderia dar uma melhorada, mas aos poucos a gente vai abaixando isso. Só tenho a agradecer ao staff do Pinheiros", disse a friburguense, que vai começar uma jornada pelo Sette Colli, Mare Nostrum e Open da França. Um detalhe: Jenni é a mais baixinha entre as nadadoras finalistas: "dá para ver nitidamente essa questão da altura das meninas, mas é que comecei um pouco tarde - descobri a natação aos 12 anos, e isso me deixou meio baixinha. Mas eu quero melhorar muito meus fundamentos. Como vim de uma cidade pequena, a gente não tinha muita estrutura nos fundamentos". No masculino, não tivemos o recorde almejado, mas Felipe Lima (Pinheiros/Auburn) faturou com 26.60. "O recorde mundial é um passo a mais. Um passo de cada vez. Foi espetacular o que eu e João (Luiz Gomes Júnior, Pinheiros, agora terceiro) fizemos, uma prova muito forte com adversários de peso. Estou feliz em marcar estes pontos para o Pinheiros e ajudar a alavancar esta vitória". Ele ainda disse que é necessário ainda focar nas provas olímpicas, visto que o Brasil pode se tornar uma potência.

Tempaço também tivemos nos 50 livre, tanto no feminino quanto no masculino. Etiene Medeiros (SESI) chegou perto do recorde continental, mas fez o de campeonato, com 24.63. "Me surpreendi bastante em vários momentos. Acho que me deixei levar, fluir. Trabalhei muito no início do ano para poder chegar aqui hoje e me consagrar como atleta velocista apesar de ter nadado milhões de provas durante a competição. Mas, pelos 50 livre serem a última prova, isso me motiva". Ela comemorou também o 1:00.13 dos 100 costas que lhe deram o passaporte para a Coreia. "Acabei nadando uma prova suave e não quis colocar pressão para cima de mim durante a competição, porque nunca nadei com pressão". Por fim, ela lamentou o fato de que só ela e Viviane Jungblut (GNU) serão as representantes brasileiras no Mundial. "Nossa natação feminina está esquecida. Mostrei essa semana que a gente tem potencial. Não existe só a Etiene para ser vista. Quero que tenha outras meninas também. Por que dar dez passos para trás? Por que os 50 metros estilo não podem nadar mundial se é uma prova que existe? Nadei quase meu melhor tempo e essa prova não está no Mundial". Concordamos.

Mas voltando: Bruno Fratus (Minas) tem razões para, sem ironia, estar felizão. Os 21.47 são nada menos que o tempo NÚMERO UM DO MUNDO em 2019. Ele ainda abriu corpos de vantagem para Marcelo Chierighini (Pinheiros), que também conseguiu o índice com 22.05. Emocionado, Fratus mostrou doçura para os jornalistas: "Hoje de manhã falei para mim mesmo que não dá para ser chato o tempo todo. Sou bem chato, sabem, quando saio da água, por querer sempre mais. Mas quero agradecer todo mundo que me ajudou a sair de onde estava. Relembro que hoje fazem sete meses que operei e voltei para o topo. Eles sabem quem são. Quanto mais a gente passa por esse meio, aprendemos que nada se constrói sozinho". Creio que ele fala da esposa Michelle Lenhardt e do técnico Brett Hawke. Ele segue: "comecei a treinar mesmo na segunda semana de fevereiro. Tenho muito o que melhorar. Vou ao Mundial e terei uma chance de ser pela primeira vez campeão no Pan de Lima. Mas antes terei muito o que competir: serão sete competições. Vou para a Champions Series, Mare Nostrum, Sete Colli, Pan... e isso porque fiquei sete meses sem competir. Até me perguntei como era. Era uma eternidade", disse Fratus, que contou que após operar, teve fisioterapia por três meses, até recomeçar as musculações, e confessou não ter usado paraquedas para treinar.

Outro momento emocionante do dia foi nos 400 livre masculino, com mais um recorde continental da parte de Fernando Scheffer, o Scheffenômeno (Minas). Dominante dos 200 para frente, ele mostrou estar na melhor das fases e faturou com 3:47.99. Por essas, foi o mais eficiente, somando 124 pontos para o Minas - Mallory Comerford (EUA/Minas) foi a mais no feminino, dando ao time minastenista 203 pontos, além de ter o melhor índice técnico, pelos 53.33 dos 100 livre. Voltando à prova: Murilo Sartori (Americana) mostrou que está na melhor fase de sua carreira e bateu o recorde brasileiro Júnior 1 com 3:51.46 ficando a 38 centésimos do pódio: "essa competição para mim foi muito boa. Saio daqui com três melhores tempos. Meu objetivo era mesmo o Mundial Júnior e consegui a vaga. Agradeço a Deus e ao meu técnico (Fábio Cremonez), e à minha família por me ajudar. Espero me fortalecer para ajudar o Brasil da melhor maneira possível".

Quem também vai ao Mundial Júnior de Budapeste - as listas completas veem na próxima matéria - é Alexia Assunção (Pinheiros), que foi a terceira brasileira da prova vencida por Fernanda Goeij (Curitibano), os 200 costas feminino. Enquanto a paranaense quase batia o RB de Joanna Maranhão (então no Pinheiros), com 2:12.69, dando a vitória ao Curitibano pela primeira vez depois de 12 anos, Alexia fazia 2:15.46. Ela nos contou como pintou o convite para o Pinheiros: "eles já tinham dado uma proposta há um tempo, mas eu não conseguia escolher ainda porque era mais nova. Como eu não moro em nenhuma capital (ela mora em Cabo Frio), seria difícil fazer a mudança. Neste ano eles me chamaram para ser polo do clube. Isso me ajudou, pois não podia me mudar, mas sigo treinando com meu pai, que é meu técnico, e vou ajudar meu clube".

Na versão masculina, um peso a menos nas costas feridas de Leonardo de Deus (Unisanta). Com uma hérnia de disco, ele tentou, tentou, mas só conseguiu ao ter feito 1:58.12. "Em fevereiro descobri essa hérnia, e ela segue inflamada, por isso não fui bem. Estou com remédios e acupuntura. Mas estou feliz de ter cumprido essa missão. Eu não poderei ir ao Pan, porque queria ganhar os 200 borboleta e os 200 costas mas vou para o Mundial para buscar a medalha". Olha que ano passado ele teve o vírus mão-pé-boca, herdado do sobrinho Otto. Seria um sinal???

Finalmente, no 4 x 100 medley, duas vitórias, dois recordes, e a afirmação pinheirense: no feminino, Malu Pessanha, Jhennifer, Giovanna Diamante e Larissa Martins Oliveira deram ao Pinheiros 4:04.49. E no masculino, Guilherme Guido, Felipe Lima, Pedro Vieira e Marcelo Chierighini - melhor índice técnico pelo sensacional 100 livre - deram o "não perde mais" azulnegro, com 3:32.98. Um fecho de ouro para uma virada espetacular!

No próximo panorama, reiteramos, apresentamos as seleções que vão defender o Brasil no Pan, no Mundial e no Mundial Júnior.

(direto do Rio de Janeiro - informações adicionais da CBDA, Best Swimming, Yes Swim, Globoesporte.com e Swimming World - fotos deste repórter e de Luíza Celidônio)

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