segunda-feira, 3 de maio de 2021

ENTREVISTA: Lorrane Ferreira, agora pensando em Paris


Natação, às vezes, é um esporte injusto. Por duas vezes, Lorrane Versiani Ferreira (Pinheiros) chegou perto do momento máximo da carreira, os Jogos Olímpicos. Em 2016, o índice era mais baixo, mas no Troféu Maria Lenk (hoje Troféu Brasil Maria Lenk) daquele ano, a última seletiva, ela ficou a três centésimos do que Graciele Herrmann (hoje no Olímpia/PAR) fizera no Open do ano anterior. Agora a distância para Tóquio ficou maior: sete centésimos.

Mas isso não apaga o que essa belorizontina, que, em 17 de Março último, completou 28 anos, fez na natação brasileira. Uma das nadadoras mais rápidas do país, em 2019, após graduar-se em arquitetura pela UFMG, trocou sua terra natal por São Paulo. Para ser mais exato, o Minas pelo Pinheiros. Agora, o objetivo é Paris 2024, e, determinada que é, vai lutar para, mesmo com 31 anos, defender nosso país na Cidade-Luz.

Hoje, o FamilAquatica terá a honra de conversar com essa guerreira, que nos contou o que faltou na sua visão, além de sua história nas águas! Com vocês, então, nosso papo com a sensacional Lorrane Ferreira, a quem agradecemos e fazemos votos de que consiga realizar seus sonhos!





1) Como está a sua cabeça agora começando a preparação para Paris 2024?
No momento estou descansando a mente e o corpo, em casa, com a família. Mas logo logo vou traçar novas metas. Antes de Paris 2024 ainda tem muita piscina, muitos outros campeonatos, vou pensar em um de cada vez! 

2) Duas vezes você bateu na trave após tanto treinar? O que acha que faltou na hora H?
Pois é, da outra vez eu nadei abaixo do índice de 25.28, mas fui a terceira brasileira e desta vez o índice caiu quase meio segundo, 24.77 e eu encarei o desafio, ganhei a prova, mas não foi suficiente. Nas duas oportunidades eu fiz excelentes provas, minhas melhores marcas pessoais, foram realmente detalhes que me separaram da vaga. 

3) O que você aprendeu com todos esses quase?
Eu aprendi que o processo é o mais importante, não posso deixar a minha felicidade depender somente de um dia, uma prova, um tempo, mas sim valorizar tudo de bom que construí em cada etapa, minhas atitudes perante os desafios, as pessoas que estão ao meu lado. Aprendi a seguir em frente sempre, em busca do meu melhor! 

4) E como estava o clima, na sua visão?
O clima da seletiva estava bastante tenso pela importância e expectativas sobre o evento, todos muito focados em seus objetivos. Para que a seletiva acontecesse as restrições sanitárias não permitiram torcidas, a falta do calor humano foi um desafio a mais para os atletas. 

5) O que mais sente falta de BH morando aqui em São Paulo?
Com certeza sinto mais falta da família. Sempre fui muito apegada e companheira, mas sei que longe ou perto são quem eu mais posso contar.

6) O que acha você ser a diferença entre os treinos no Minas e no Pinheiros?
Sou muito grata por ter tido a oportunidade de treinar nos dois clubes. Aprendi muitas coisas em cada fase, com profissionais excelentes! Para mim a diferença está no trabalho de força e na especificidade dos treinos de velocidade no Pinheiros. 

7) Nos conte como conheceu e se apaixonou pela natação
Sempre gostei de esportes, mas natação foi o que eu mais gostei desde criança. Aprendi a nadar em uma academia de bairro e foi crescendo em mim o interesse pela competitividade, fiz o teste no Minas aos 13 anos e desde então vivo a natação intensamente. 

8) Você é uma das poucas atletas patrocinadas no país. O que falta, ao seu ver, para as empresas investirem na natação feminina?
Faz um ano que faço parte do projeto Elas Transformam da MRV, meu primeiro patrocínio, uma grande ajuda na minha carreira. Esse projeto voltado para o esporte feminino é um exemplo a ser seguido por outras empresas. Acredito que falta o olhar para o esporte como fator de transformação social e um projeto a longo prazo para o desenvolvimento das atletas.

9) Voltando a falar da seletiva, só tivemos três índices individuais femininos em piscina. Isso é consequência da pouca visão que a natação feminina tem tido de público e crítica?
É a realidade da natação feminina, já foram poucas as atletas com índice B, sabíamos que os índices A seriam desafiadores, mas não impossíveis, pois várias atletas se aproximaram. Mas não é um problema atual, é a consequência de uma disparidade carregada há anos, de acesso ao esporte, visibilidade e cultura esportiva. Acredito que valorizar a história da natação feminina juntamente com um planejamento a longo prazo para a base é essencial para que no futuro possamos ter mais mulheres disputando e alcançando vagas na seleção. 


10) E como é sua rotina?
Eu treino na água de segunda-feira a sábado com sessões duplas 2 ou 3 vezes na semana e preparação física 3 vezes na semana. Mantenho uma rotina leve de estudos com pós graduação a distância.

11) Você prefere 50 ou 100 livre?
Prefiro 50 livre, é a prova que tenho mais evoluído e alcancei meus melhores resultados.

12) Tirando essas provas, qual você adoraria competir?
200 medley eu acho uma das provas mais bonitas e legais da natação, gostava muito de nadar nos brasileiros de categoria.

13) Seu maior ídolo na natação?
César Cielo e Fabiola Molina 

14) Por fim, um recado pra galera que lê o FamilAquatica
Gostaria de agradecer pelo espaço no site e parabenizar pelo trabalho e apoio! Aos leitores, continuem acompanhando e torcendo pela natação brasileira, apoiem os atletas, incentivem as crianças no esporte, vale a pena lutar por um sonho e eu vou continuar buscando o meu! Grande abraço!

(fotos deste repórter)

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