quarta-feira, 12 de agosto de 2015

FINKEL: Meu último ato na piscina (por Andressa Bachner)

Nação, estamos a cinco dias do início do TROFÉU JOSÉ FINKEL, que vai rolar no Pinheiros, marcando a reinauguração oficial da piscina azulnegra. Muitas são as razões para não perder este certame: a presença da recordista mundial Sarah Sjostrom (SUE), o primeiro ato dos nadadores que estiveram no MUNDIAL DE ESPORTES AQUÁTICOS de Kazan, disputas emocionantes... Porém, para Andressa Bachner (Pinheiros), esta jornada é marcante. Quando ela tocar no azulejo, marcando o final de sua jornada nos 50 peito, no sábado, dia 22, marcará também o fim de uma linda carreira.
Neste ano, Andressa resolveu dar término à sua carreira devido a lesões e vai se dedicar ao curso de gastronomia. Termina uma grande carreira com muitas jornadas e pódios estaduais e nacionais.
A convite do FamilAquatica, ela deu um depoimento resumindo a sua carreira e agradecendo aos fãs e amigos. E a data da publicação deste texto não podia ser mais propícia, já que Andressa hoje comemora seus 20 anos. Felicidades! Agora a palavra é sua, Bachner:

Comecei a nadar quando um amigo do prédio que moro até hoje me levou para assistir uma aula de natação dele em um escola perto de casa, Mori Natação. Ao assistir a aula, foi amor a primeira vista. Fiz meus país me matricularem lá no dia seguinte, no outro já fiz os exames médicos e no outro comecei a nadar e nunca mais parei. Lá foi onde comecei a ter amor pela natação e comecei a sonhar todos os dias em poder nadar em um clube grande e quem sabe ir para as Olimpíadas. Nadei na Mori natação até 2008. Em 2009 tive a sorte grande de conseguir entrar no Esporte Clube Pinheiros. Ao entrar no clube, eu era apenas uma mera nadadora amadora que nunca tinha treinado 2 horas por dia, feito musculação, nutricionista, trajes, etc. Para mim foi um grande choque, mas me adaptei rápido, apesar de no começo ter sofrido pela não aceitação de quase 90% da equipe. Diziam que eu era gorda, ridícula, feia e que eu só servia para atrapalhar todos da raia. Contudo, tive um técnico e um auxiliar técnico que me apoiaram muito, e queria muito agradecer ao Felipe e ao Álvaro Taba por todo apoio que me deram, que foi de extrema importância para eu continuar a nadar e aprender muitas coisas. No fim de 2009, meu técnico foi mandado embora e muitas mudanças no clube também aconteceram. Em 2010, fiz uma promessa para mim mesma. Prometi que ia fazer de tudo para não ficar doente, que iria me dedicar 120% em todos os treinos, que ia completar todos os treinos e que ia mostrar para todos aqueles que me discriminavam que eu podia ser igual ou melhor que eles. 2010: o Marcelo Augusto Tomazini entrou no Pinheiros e foi meu técnico e, para mim, como um paízão. Me deu muitos conselhos, muitas conversar. Me ajudou muito nas horas boas e difíceis. Consegui pegar minha primeira seleção paulista, Chico Piscina, que foi onde eu fiz o melhor tempo da minha vida e naquele ano foi o quarto melhor tempo do Brasil. Ano seguinte passei para o técnico Sérgio, onde começaram as mudanças no meu estilo e acabei não nadando bem. Em 2012, voltei a nadar com o Tomazini e foi com ele que fiquei treinando até o Maria Lenk de 2014. Nesse período, de 2011 até 2014, tive alguns problemas pessoais, os quais me atrapalharam no meu desempenho, mas que além disso me ensinaram muitas coisas que levarei para o resto da minha vida. Este período de 3 anos e meio eu só piorava os tempos. Após o Maria Lenk, me mudaram para a equipe do Tiago Moreno, o qual agradeço sempre que posso pelo apoio, carinho, suporte que me deu. Ele resgatou aquela Andressa cheia de garra de alguns anos atrás. Ao nadar o Finkel e o Open, além de ter feito o melhor da vida, eu baixei eles ainda mais. Este ano de 2015, começou um pouco conturbado, pois na segunda semana de treino descobri que estava com bursite no meu ombro direito, além de já estar tratando mais de 2 anos, e com 2 discos que estão quase virando uma hérnia. Isso me desanimou um pouco, mas com toda vontade de melhorar, consegui solucionar em pouco tempo. Passado um mês, tive bursite no outro ombro. Neste momento eu fiquei muito triste e parei um pouco e percebi que o que eu sempre fiz desde os meus 5 anos até hoje, com o coração, por puro prazer, tinha acabado de virar obrigação. Foi então que tomei a decisão de parar de nadar. Foi a hora em que meu coração disse para parar. Sempre amei e sempre vou amar a natação. Vou apenas parar de treinar como treino e competir, mas nunca parar de nadar. É na água em que eu encontro minha paz, meu amor, minha paixão, é meu porto seguro. Ela me ensinou a ter respeito, determinação, dedicação, raça, garra, confiança, força, acreditar, paciência, refletir e principalmente me fez aprender sobre eu mesma, sobre meu corpo, mente e alma. Aprendi com o suporte do Luigi e Patricia de Lima, através da yoga e meditação, conectar a mente, corpo, alma e coração. Apliquei isso não só na natação como também no meu dia-a-dia. A natação foi e vai continuar sendo minha escola, assim como a vida. Foi nela em que aprendi muito e não me arrependo de nada, apenas agradeço. Sem ela, eu não seria quem sou. Nadarei somente até este Finkel e depois vou me aposentar meus maiôs. Já tenho planos para meu futuro porém ainda este ano o que posso adiantar é que quero trabalhar em alguns restaurantes, fazer estágio. Estarei me formando no final do ano, em gastronomia. Após minha formação quero fazer algumas pós-graduações e fazer uma segunda faculdade que gostaria que fosse nutrição pois amo cozinhar e toda essa parte de viver bem e ser saudável, além de ajudar as pessoas para fazerem o mesmo. Bom, o que eu diria para os que estão na natação ainda e independente do que faça na vida é que tenha prazer no que faz. E ao fazer, faça com amor, dedicação. Coloque sua alma. Com certeza isso te trará sucesso, mas o melhor de tudo é que será feliz. Seja feliz independente do que faça.

(Texto de Andressa Bachner)

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