domingo, 30 de julho de 2017

MUNDIAL BUDAPESTE 2017: Fim glorioso para uma jornada gloriosa

Que maneira melhor de encerrar um Mundial do que com provas fortes? Pois, neste MUNDIAL DE ESPORTES AQUÁTICOS de Budapeste, o gran finale da natação foi inesquecível! Oito grandes finais, vitórias de favoritos e momentos inesquecíveis, que farão este Mundial nos dar saudades.
A começar, claro, pelos 50 peito feminino. Na guerra fria entre Yuliya Efimova (RUS) e Lilly King (EUA), deu King, com direito a WR. Aliás, o segundo ouro, a segunda marca mundial. Hoje ela fez 29.40, ficando oito centésimos abaixo do que Ruta Meilutyte (LTU) fizera em 2013. Efimova, pelo menos figurou no pódio pela quinta vez seguida, com 29.57 e a prata. Já o bronze ficou com Katie Meili (EUA), com 29.99. Parece que acabou o encanto de Ruta.
Nos 50 livre feminino, dessa vez não teve zebra. Sarah Sjostrom (SUE) terminou seu quase perfeito Mundial: quatro provas, três vitórias e só dois centésimos acima do WR que ela fizera na semifinal: 23.69. Aliás, assim como ontem na prova masculina todos abaixo de 22 ficaram, o pódio da prova feminina: foi fortíssimo, o mais forte da história, todas abaixo de 24: Ranomi Kromowidjojo (HOL) bateu o recorde holandês da prova com 23.85, enquanto Simone Manuel (EUA) terminou em terceiro com 23.97, novo recorde americano da prova.
Nos 50 costas masculino, teve despedida épica: Camille Lacourt (FRA), em sua derradeira apresentação como atleta profissional, terminou com o tricampeonato mundial, com 24.35. Foi a única vez que a Marselhesa tocou na Duna Arena. Um fecho perfeito para uma carreira sensacional. Atrás dele, Junya Koga (JAP, 24.51) e Matt Grevers (EUA, 24.56). Nos 1500 livre deles, a dinastia italiana segue. A disputa foi entre Gregorio Paltrinieri (ITA) e Mykhailo Raomanchuk (UCR), este campeão olímpico nos Jogos da Juventude de Nanjing 2014. Ambos ficaram parelhos (e até abaixo do WR) até os 1200 metros. Mas aí, mesmo sem o WR, Paltrinieri disparou e levou a melhor, com 14:35.85, deixando para trás Romanchuk (14:37”14) e Mack Horton (AUS, 14:47.70).
Nos 400 medley masculino, Chase Kalisz (EUA) foi dominante desde o início, nos 4 nados, e faturou com o terceiro melhor tempo da história, 4:05.90. Nas primeiras piscinas, poderia se pensar que vinha aí outra dobradinha japonesa, já que Kosuke Hagino (JAP) largou bem. Mas, no fim, para o delírio local, do peito para o crawl, David Verraszto (HUN) disparou para a prata, 4:08.38. Daiya Seto (JAP) foi o terceiro, com 4:09.14 e Hagino foi só o sexto, com 4:12.65. Se tivesse mais piscina, seria até alcançado por Brandonn Pierry (Corinthians), que estreou em finais com um bom sétimo lugar, 4:13.00. No feminino, faltou pouco para Joanna Maranhão (Unisanta) reaparecer nesta tarde, mas ela fez o seu melhor tempo em Mundiais nesta prova, com 4:41.29 e o décimo primeiro posto. Mas, na final, não se ouviu rigorosamente nada, com o domínio total da Iron Lady, etc., etc., Katinka Hosszu (HUN). Teve novo RC para ela: 4:29.33. A briga mesmo foi pela prata, e Mireia Belmonte (ESP), pelo melhor crawl, obteve tal medalha, com 4:32.17. 71 centésimos depois, veio Sidney Pickrem (CAN), que tinha abandonado a prova dos 200 medley, mas que voltou num bom astral para medalhar.
Terminando com o 4 x 100 medley, em ambos deu EUA. No feminino, teve até WR: Kathleen Baker (58.54), Lilly King (1:04.48), Kelsi Worrell (56.30) e Simone Manuel (52.23) terminaram com 3:51.55, derrubando os 3:52.05 de Londres 2012. Destaque também para Yuliya Efimova, que fez 1:04.03 na sua parcial para ajudar a Rússia a ser prata, com 3:53.38, com a Austrália, logo atrás, com 3:54.29. E, no masculino, Matt Greevers (52.26), Kevin Cordes (58.89), Caeleb Dressel (49.76) e Nathan Adrian (47.00) fizeram tempo melhor que no Rio: 3:27.91. Enquanto o monstro sagrado Dressel fez 49.76,  Adam Peaty (GBR) fez 56.91 no peito, ajudando a Grã-Bretanha a ser prata com 3:28.95 e, pasmem os senhores, Vladmir Morozov (RUS) teve um sensacional 46.69 no livre (um dia esse 46.91 cai oficialmente, Cielo...) e a Rússia foi bronze, com 3:29.76. O Brasil, Guilherme Guido (Pinheiros, 53.53), João Luiz Gomes Jr (Pinheiros, 58.80), Henrique Martins (Minas, 51.12) e Marcelo Chierighini (Pinheiros, 48.08) não foram além do quinto lugar, mas o 3:31.53 foi o melhor tempo sem trajes do Brasil em Mundiais. Mas que poderia ser melhor...
Os nadadores mais eficientes, como não poderia deixar de ser, foram Sjostrom e Dressel. Apesar de batida por Simone Manuel nos 100 livre, os recordes mundiais nesta prova e nos 50 livre a fizeram vencer Katie Ledecky (EUA), mesmo ela tendo os mesmos 18 pontos de índice técnico (cada vitória vale 5). Já Dressel fez 16 e só não ganhou os 50 borboleta, mas de resto, arrebentou. É o grande nome de 2017 e, com certeza, será o nome a ser visto neste ciclo.

PRA TERMINAR...
Gostaria de tomar como minhas as palavras do desabafo de João após a prova do 4 x 100 medley masculino: "Quero agradecer a FINA por ter dado essa honra para a gente de poder ter nadado pela nossa bandeira. Porque seria triste termos vindo para cá representando nosso país e não poder vestir a nossa camisa. Queremos também agradecer à CBDA, na pessoa do presidente Miguel (Carlos Cagnone), por ter feito esse trabalho lindíssimo com a gente em menos de um mês. A gente conseguiu vir para cá com boa estrutura. A equipe está feliz, ainda mais agora que a gente sabe que pode opinar, deixar algum legado para a nova geração que está vindo". O triste é saber que, mesmo com alguém que é gestor e gosta de natação à frente da nossa maior entidade, sabemos que 17 federações estaduais (não falaremos quais, como questão de ética) pediram para a FINA para o Brasil competir sob sua bandeira, sem Hino, sem nada. Triste demais.
O Brasil sai de Budapeste com a cabeça erguida, no décimo lugar do quadro de medalhas. 2 ouros (com Ana Marcela nos 25 km e Etiene nos 50 costas), 4 pratas (4 x 100 livre masculino, Nicholas, João e Fratus) e 2 bronzes (ambos de Ana Marcela, nos 10 e 5 km). E com melhora de tempos, com Joanna Maranhão e Henrique Martins. E mesmo assim, ainda tem gente que não quer que a natação brasileira evolua.
Só cego não vê que sim, estamos de volta. E sim, queremos ser uma potência olímpica. É só todos se unirem. Todos podem, e devem, olhar com mais carinho para a nossa natação. Não queremos que ela apareça esporadicamente na grande mídia. Nós temos medalhas olímpicas, nadadores que fizeram história e nadadores que farão história. O que vale é que nossos atletas podem e devem ir mais longe, com resultados melhores. E estamos ainda no início do ciclo Tóquio 2020. A tragédia que foi o Rio 2016 já está morta e enterrada.
Quem sabe, a partir de agora, a partir até do TROFÉU JOSÉ FINKEL que começa em duas semanas, na Unisanta, em Santos, a gente possa ver que, sim, dá para acreditar. Nós merecemos. Nós podemos.

(informações do Best Swimming, Yes Swim, SwimSwam, Swim Channel e Globo.com - foto de Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

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