quarta-feira, 22 de maio de 2019

ENTREVISTA: Yana Medeiros - dez anos de um recorde absoluto


Era o dia 22 de maio de 2009, no hoje abandonado Complexo Desportivo Baby Barioni, na Água Branca, em São Paulo. Rolava o CAMPEONATO PAULISTA JÚNIOR E SÊNIOR DE INVERNO – X TROFÉU SALVADOR GRANIERI SOBRINHO, nos estertores da era dos supermaiôs. A Unisanta era o time a ser batido no estado de São Paulo, tanto que o time de Márcio Latuf e Gerson Pazian era chamado por Alexandre Pussieldi de Super Santa. E foi nos 200 borboleta feminino Sênior que uma carioca de 20 anos ia fazer história. Com o tempo de 2:13.77, Yana Cleris Medeiros batia o RC (que era de Maria del Pilar Pereyra, argentina que defendera o Pinheiros, e que fizera, em 2000, 2:16.82), e os Recordes Paulista e Absoluto (que eram de Fabíola Molina, que em 2004, em Barretos, fizera 2:14.33). 

Um momento histórico para uma mulher que começou no atletismo, mas que fez história nas piscinas, tendo defendido o Colégio Castelo Branco, Bangu, Botafogo, Santa e Corinthians. Entretanto, em 2014, Yana resolveu pendurar maiô e fast para novas jornadas, mas logo voltou às piscinas, do outro lado, primeiro como professora na AABB e agora como assistente técnica dos petizes do clube que a levou para a história. 

A próxima jornada de Yana é o Paulista Petiz, em Votorantim, em Junho. Mas, como estamos perto do Paulista Júnior e Sênior e ela faz parte da história da competição, nada mais justo que ela ter sido a escolhida para ser nossa próxima entrevistada. Aqui, a ex-nadadora fala de sua atual jornada e de sua carreira nas águas, passando por aquele Santa que ganhava todos os paulistas no final da década passada. Confiramos!


Agora sendo auxiliar técnica dos petizes do Santa, o que crê que seus atletas vão levar do que aprendeu enquanto nadadora?
O meu intuito é agregar ao trabalho realizado pelos técnicos das respectivas categorias, o que acredito que mais influencio é na questão da técnica de nado, concentração antes da prova e mostrar ao máximo que eles se divirtam fazendo o que mais gostam, que é nadar. 

Foi difícil essa transição nadadora-treinadora?
Foi difícil no primeiro ano, pois sentia muita falta da rotina de atleta, comecei a trabalhar (não como treinadora), meu corpo mudou e as minhas prioridades mudaram também. 

Que missões você acha que cumpriu enquanto atleta e cumprirá como coach?
Sempre fui feliz na minha carreira de atleta, conquistei coisas que não imaginaria que poderia conquistar, fui muito realizada. Exemplos: meus pais não pagaram colégio desde a 8 série até a faculdade, tive bolsa atleta por alguns anos, fui da primeira turma de atletas da Marinha do Brasil, fiz viagens internacionais, nacionais, me mudei para outro estado (atrás do meu sonho), bati alguns recordes paulistas, do rio de janeiro, brasileiro de categoria, fiz parte da seleção Junior (Anápolis). Como coach, tenho objetivos semestral e anual, mas nesse terceiro ano trabalhando com o petiz, posso dizer que o objetivo semestral é 100% dos petizes melhorarem seus tempos no Campeonato Paulista em Junho, trabalhando para que esse objetivo seja cumprido.
 

Nos conte como sentiu que seria nadadora?

No primeiro momento, eu fiquei dividida, pois eu fazia parte da equipe estudantil de atletismo do colégio. Corria 400 mtrs, 800 mtrs e cheguei a ser campeã dos 800 mtrs no Intercolegial (competição entre escolas no Rio de Janeiro). Depois que entrei na natação com uma amiga, para fazer companhia, não parei mais de nadar. Um professor me chamou para fazer parte da equipe de natação que já existia e pronto, foi daí que me apaixonei completamente pela natação. 

Já chegou a receber propostas para nadar nos EUA?
Recebi sim, no ano que decidi me mudar do Rio de Janeiro para Santos e nadar pela Unisanta. Isso foi em 2007, mas nesse momento não lembro o nome da Faculdade.

Daquele Super Santa da década passada, o que mais te marcou e quais foram as relações com Latuf e Gerson?
Eu ainda não estava na Unisanta quando isso ocorreu, pois cheguei no ano de 2007. Minha relação com o Márcio e o Gerson foram sempre muito boas, campeonatos de categoria viajava com o Gerson e campeonato absoluto, viajava com os dois. Os meus treinos eram feitos com o Márcio, mas o Gerson sempre esteve na borda da piscina me ajudando também. 

Além, é claro, daquele Recorde Absoluto dos 200 borboleta no Paulista de Inverno de 2009, que momento você acha que foi o melhor enquanto ceciliana?
O meu primeiro ano, 2007. Esse foi ano que me tornei profissional, que recebia salário para fazer o que eu amava, que era nadar. Meus resultados melhoraram 100%, tudo era novo, estava muito empolgada e feliz com a decisão que eu tinha tomado, apesar de sofrer muito com a distância de casa e dos meus amigos. 

E olha que depois você chegou a pegar seleção, mas a concorrência era grande para os Mundiais?
A concorrência sempre foi grande para pegar seleções Mundiais, os índices eram fortes e tinha algumas meninas muito mais experientes que eu naquele momento, mas nunca desisti, até último ano que nadei. 

Este repórter com Yana Medeiros em um regional de Santos, em 2013

Como pintou o convite do Corinthians e o que você tem de melhor lembrança por lá?
Eu fui atrás de algo diferente do que eu tinha e não queria sair do estado de São Paulo, já que eu tinha trago minha família para morar em Santos. Pesquisei e gostei do trabalho que faziam no Sport Clube Corinthians Paulista, e entrei em contato o Carlão (técnico) e ele me deu a oportunidade de nadar lá. Minhas melhores lembranças são de treinos desafiadores que fiz com o Carlão e Wlad, de jantares em equipe, de viagens em treinamento, das novas amizades que fiz com nadadores e pessoas do clube que mantenho até hoje. 

Quem você tem como inspiração na natação?
O Michael Phelps e Yana Klochkova ambos nadadores de 200 e 400 medley e 200 borboleta.

E, por fim, que recado você deixaria para quem está começando?
Dedique –se ao máximo aquilo que você acredita e ama fazer, você tem tudo para conquistar seus objetivos e metas.

(fotos de Liliane Yoshino, Marco Isidro e deste repórter, e gratidão a Yana pela entrevista)

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