quinta-feira, 8 de agosto de 2019

PAN 2019: Dobradinha nota 100 na festa yankee



O segundo dia da natação nos JOGOS PAN-AMERICANOS de Lima teve a afirmação dos Estados Unidos, que, mesmo com seu time misto, tem ainda a melhor natação das Américas. Mas também teve dobradinha brasileira, teve recorde sul-americano, teve medalha inédita para um país no masculino e, infelizmente, ainda um nível abaixo do que esperávamos no Centro Aquático.

Os 200 livre feminino iniciaram dando-nos um sabor de "quero muito mais". Esperava-se até uma dobradinha entre Larissa Martins Oliveira e Manuella Lyrio (ambas do Pinheiros), mas só a juiz-forana conseguiu seu lugar no pódio, com o 1:59.78 que lhe deu o bronze, atrás de Claire Rasmus (EUA, 1:58.64) e Meaghan Raab (EUA, 1:58.70). Manuella, que já anunciou em redes sociais estar na fase final de sua carreira, foi apenas a sexta com 2:00.44. "Resultado, em número, foi longe do que eu estava imaginando, mas por ter saído frustrada desta prova em Toronto, acho que conseguir uma medalha no individual é um resultado muito gratificante, fico muito feliz, feliz mesmo, pela medalha", disse Larissa ao Olimpíada Todo Dia, citando o ditado "nada como um dia após o outro". Mas o Coach Alexandre Pussieldi disse, e eu concordo: ambas teriam condições para 1:57. Flechas lançadas...

A dobradinha que não veio no feminino veio, sim, no masculino, e com louvores! Fernando Scheffer (Minas), repetindo, praticamente, a tática de Simone Manuel (EUA) nos 100 livre do MUNDIAL DE ESPORTES AQUÁTICOS da Coreia, largou na raia 1, cozinhou nos 150 metros e na piscina final, foi com tudo para passar o então líder Breno Correia (Pinheiros). Vitória com V maiúsculo e o tempo de 1:46.68, perto do PR de João de Lucca (Flamengo/Louisville) em Toronto, que ainda é 1:46.68. Breno completou a festa com a prata e o tempo de 1:47.47. "Ontem eu queria ter nadado um pouco melhor, mas fiquei muito feliz com a prata. Hoje coloquei uma estratégia um pouco diferente, começo um pouco conservador e fui crescendo durante a prova, me senti bem, consegui atacar bem no final e o ouro saiu", contou Fernando.

Com as medalhas da dobradinha, o Brasil contava 99 medalhas em Lima. A centésima quase saiu com Giovanna Diamante (Pinheiros) nos 100 borboleta feminino. Ou poderia vir com Daynara de Paula (SESI), que ficou entre o primeiro e o segundo por 75 metros. Mas a bigorna caiu em suas costas e a boiada passou. Daynara foi só a sexta, com 1:00.41. Para Giovanna, só faltaram 20 centésimos: quarto lugar, com 59.31, atrás das vitoriosas Kendyl Stewart (EUA, 58.49), Danielle Hanus (CAN, 58.93) e Sarah Gibson (EUA, 59.11). "Ah, o quarto lugar é um pouquinho amargo, né? A gente sempre quer subir no pódio, mas eu estou um pouco satisfeita porque ontem eu vim de um dia muito ruim e hoje eu já mostrei pra mim que eu posso", disse Giovanna.


Mas se não veio com ela, veio com Vinícius Lanza (Minas/Indiana). Os 100 borboleta masculino não nos tinham dado medalha em Toronto, mas Vinícius chegou para mudar a história. Ele chegou a ser o segundo na primeira piscina, mas jamais se pode subestimar Tom Shields (EUA). Após um péssimo 200 borboleta, ele simplesmente quis se recuperar na hora certa e venceu com 51.59. Luis Martinez (GUA), que pela manhã batera o Recorde Pan-Americano com 51.44 e garantido vaga aos JOGOS OLÍMPICOS TÓQUIO 2020 foi prata desta vez com 51.63, a primeira da história da Guatemala no Pan com relação à natação masculina - Gisela Morales tinha dado duas medalhas em Santo Domingo 2003, nos 100 e 200 costas. Lanza, com os 51.88, enfim nos colocou na contagem centenária de medalhas, mesmo não se dando por satisfeito: "Claro que a gente quer nadar o melhor, sempre. Mas dei meu máximo. É uma medalha de bronze, fico feliz, é para o Brasil", comemorou.


Nos 200 borboleta, era o de menos Fernanda de Goeij (Curitibano) ter ficado a um segundo exato da medalha de bronze - 2:11.95, contra 2:10.95 de Mackenzie Glover (CAN). Tal tempo lhe deu o novo Recorde Sul-Americano desta prova, derrubando os 2:12.05 de Joanna Maranhão, no Pan de Toronto. Para variar, dobradinha norte-americana: Alex Walsh, 2:08.30 e Isabelle Staden, nove centésimos depois, perdendo o ouro no fim. Em minha opinião pessoal, o bronze só não veio porque Fernanda errou as primeiras viradas, mas se recuperou no final e tal tempo é, sim, para ser exaltado.

Assim como Leonardo de Deus (Unisanta) que, depois da luta que teve e que toda a nação aquática já sabe, saiu com mais uma medalha do bolso, na versão masculina da prova. Daniel Carr (EUA, 1:58.13) e Nicholas Alexander (EUA, 1:58.30) tocaram pouco antes, mas Léo, com um tempo de 1:58.73 que poderia ter lhe dado a semifinal em Gwangju, completou o pódio. Se houvesse pouco mais de piscina, poderia ter sido mais. Já Brandonn Pierry (Corinthians) foi o sexto, com o mesmo 2:01.51 da eliminatória.

Por fim, o 4 x 100 livre misto. Particularmente, não gostei da estratégia brasileira. O negócio era abrir o máximo possível dos EUA, o que só deu certo por 375 metros. É que Breno Correia (48.81) e Marcelo Chierighini (Pinheiros, 47.61) não abriram o suficiente ante Michael Chadwick (49.09) e Nathan Adrian (47.56), e foi isso que caro custou. Larissa foi até bem, com 54.62, mas Claire Rasmus, mesmo tendo feito 55.10, abriu o terreno para que Margo Geer - a mesma que deu a vitória no feminino - atacasse Etiene Medeiros (SESI). Etiene segurou por 75 metros, mas Margo teve uma volta (53.09 contra 54.83 da pernambucana) que foi fatal: 3:24.84, mais um triunfo para os EUA. Perdemos um ouro ganho. Para mim, uma prata amarga demais, apesar dos 3:25.97. Mais uma vez: flecha lançada...


Com tudo isso, EUA mais soberano que nunca no quadro de medalhas da natação: 9 ouros, 19 totais. Tendo 12 medalhas, 4 de cada cor, o Brasil está em segundo, seguido pela Argentina, com 2 ouros, e pelo Canadá que, mesmo tendo mais medalhas totais que a Argentina (7 a 3), não viu ainda a cor do ouro. A jornada segue em frente, e hoje tem 100 livre (Larissa, Daynara, Marcelo e Breno), 200 peito (Pâmela Alencar, Bruna Leme, Caio Pumputis e Felipe Lima), 100 costas (Etiene, Fernanda e Guilherme Guido), 800 livre (Ana Marcela Cunha, Viviane Jungblut, Diogo Villarinho e Miguel Leite Valente) e 4 x 100 medley misto, que pode nos encaminhar para Tóquio. Quantas medalhas nesta quinta?

Resultados completos aqui estão. As partes sublinhadas indicam opiniões e críticas construtivas deste repórter.

(informações do Best Swimming, Swim Channel, Olimpíada Todo Dia, Surto Olímpico, R7 e Globoesporte.com - fotos de Alexandre Loureiro/COB)

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