quinta-feira, 5 de março de 2015

WHO RUN THE WORLD? (parte 1 - por Patrícia Angélica)


O hit da popstar norte-americana Beyoncé vem a calhar no tema desta série de reportagens sobre a natação feminina, originalmente publicada pelo Loucos Por Natação, em 2013. Este é foi trabalho de conclusão do curso de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense apresentado no primeiro semestre de 2013 pela nossa companheira e amiga Patrícia Angélica, que, com sua autorização, passamos a reproduzir a partir de hoje, como homenagem pela semana internacional da mulher e agradecimento pelas 3000 visitas que o FamilAquatica alcançou em sua nova fase, iniciada em Janeiro de 2015.

"Quem comanda o mundo? Garotas!" é o que diz o título da música de Queen Bey.

Angela Merkel é chanceler da Alemanha desde 2005, a economia mais forte da Europa; e o Fundo Monetário Internacional tem como diretora-gerente a francesa Christine Lagarde em mandato assumido em 2011, sendo a primeira mulher nesta função na história do FMI. A norte-americana Condoleezza Rice foi a primeira mulher a ocupar o cargo de Secretária de Estado, no mandato do ex-presidente George W. Bush, entre 2005 e 2009; Hillary Clinton foi senadora pelo Estado de Nova York entre 2001 e 2009, assumiu a Secretaria de Estado no primeiro mandato de Barack Obama e é uma das pré-candidatas mais cotadas do Partido Democrata à sucessão de Obama em 2016. No Brasil, a presidente Dilma Rousseff foi eleita pela revista Forbes como a segunda mulher mais poderosa do mundo. Nos esportes as garotas do Brasil também ampliam sua participação. Em 2011, Fabiana Murer ganhou uma inédita medalha de ouro no Mundial de Atletismo de Daegu (Coreia do Sul) no salto com vara. O vôlei feminino, depois de anos como patinho feio e tachado de "amarelão" no esporte nacional, passa por um momento de hegemonia como bi-campeão olímpico (nas edições de 2008, em Pequim, na China, e 2012, em Londres, na Inglaterra) e com cinco títulos do Grand Prix desde 2004 (2004, 2005, 2006, 2008 e 2009), país que mais vezes venceu a competição nos anos 2000. Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, as atletas individuais do Brasil marcaram presença. A pentatleta Yane Marques ganhou uma medalha de bronze no pentatlo moderno, feito inédito no país. Também com um bronze, a pugilista Adriana Araújo entrou para a história do boxe olímpico nacional com a medalha nunca antes conquistada por uma mulher na modalidade. A medalha de Adriana foi a centésima conquistada pelo Brasil na História do Olimpismo Moderno. Impossível esquecer da emoção da medalha de ouro da piauiense Sarah Menezes no judô. Das 17 medalhas obtidas pelo Brasil nesta edição olímpica, seis foram em modalidades femininas. Das três premiações douradas, duas foram obtidas por mulheres. Além de Sarah e do vôlei feminino já citados, a outra medalha de ouro veio com o ginasta Arthur Zanetti na prova de argolas.
Daí a iniciativa de produzir um panorama geral sobre a natação feminina do Brasil. O objetivo é traçar um painel sobre as dificuldades das nadadoras brasileiras de alcançar o topo, a estratégia para se chegar lá, a diferença entre o desempenho das mulheres das piscinas e das águas abertas, como as atletas se relacionam com a imprensa, a divisão entre naipe masculino e feminino que a CBDA promove a Seleção, as mulheres treinadoras e um breve histórico de algumas das protagonistas da história aquática do Brasil. Tudo isso com uma análise profunda, que ouviu técnicos, atletas, jornalistas, dirigentes e especialistas para tentar entender a modalidade e as transformações por que ela vem passando. Outro momento importante que acontece enquanto esse trabalho é escrito é a possibilidade de perda das piscinas do Parque Aquático Júlio Delamare, que faz parte do Complexo do Maracanã. O consórcio que ganhou a concessão do Estádio Mario Filho quer demolir o Estádio de Atletismo Celio de Barros e o Parque Aquático para construir... estacionamentos e lojas. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, o IPHAN, a Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj) e outras entidades ligadas aos dois complexos esportivos lutam para mantê-los de pé, pois ambos servem de local de treinamento e aulas gratuitas para milhares de pessoas carentes de todas as idades. No dia 29 de junho, no entanto, o governador do estado do Rio de Janeiro, pôs fim ao impasse e usou o seu Twitter para declarar que o Parque Aquático seria mantido. 
Como se vê, o atletismo e os esportes aquáticos são obrigados a enfrentar, além de adversários mais bem preparados e com mais recursos, outros obstáculos impostos pela ganância de empresários e o descaso das autoridades do estado.

Ainda hoje, a parte 2.

(Patrícia Angélica é jornalista, responsável pelos blogs Loucos Por Natação e Criminal Minds BR

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