Quando anunciado foi que Coaracy Nunes Filho, Ricardo de Moura e outros dirigentes da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) seriam afastados por ordem judicial, depois que comprovado superfaturamento numa licitação com uma empresa fantasma de uniformes, a nação aquática sentiu um grande alivio. Todos sabemos que uma grande nuvem negra está pairando sobre a natação brasileira, e talvez o afastamento da sua alta cúpula fosse a solução necessária para, se não resolver, tentar ver o que está errado. Infelizmente não é que se vê.
Nesta quinta, uma bomba atômica explodiu já no início da tarde: a CBDA emitiu uma nota na qual, com o afastamento de sua eminência parda, não haverá Campeonatos Brasileiros de rigorosamente nenhum dos esportes aquáticos. Diz a nota: "Com esta medida os cinco esportes aquáticos envolvidos pararam. E tudo isso, justo no momento em que eram estudadas as possíveis renovações de contratos de patrocínio. Sob ordem judicial, estão com dificuldades de movimentação as contas bancárias, cessados os pagamentos, suspensos os eventos. Até segunda ordem, por questões financeiras, não irão acontecer os Campeonatos Nacionais dirigidos pela CBDA nos cinco esportes aquáticos. Não irão receber seus salários os funcionários".
Em outras palavras: Coaracy pode ter ido, mas sem ele, não tem competições. Open? Esquece. Brasileiro de Nado Sincronizado? Necas! E por aí vai. Ou, como explica Chico Buarque, "se vós não sereis minha, vós não sereis de mais ninguém".
E quem paga? Sim, os atletas. Eles que treinaram o ano inteiro para competir naquela que será sua grande competição no ano. Já deveria bastar perder, no caso da natação, os Brasileiros de Inverno, até hoje não se sabe por quê. Agora, talvez os Brasileiros de Verão nunca se realizem. O próprio Cesar Cielo (Minas/Arizona) até se manifestou, em nota, pelas redes sociais: "Nós treinamos e nos dedicamos quase todo o ano em busca de uma meta. Em busca de centésimos de segundo. Uma vez por temporada temos a chance de competir polidos e descansados. Somente uma vez. Para muita gente, infelizmente, pode ser que esse semestre fique sem essa chance. A suspensão dos campeonatos nacionais traz tristeza, frustração, raiva e muito sentimento ruim. Mas, na minha opinião, acredito que os piores sejam a injustiça e a impotência".
Além disso, muitos jovens atletas brasileiros, vendo que não há mais como continuar, já arrumaram as malas para a América: Felipe Ribeiro de Souza e Ana Giulia Zortea vão para a Florida, Maria Paula Heitmann está de mudança para Arizona, Brandonn Pierry Almeida está se mandando para a South Carolina, Andressa Cholodovskis Lima também está indo, só não se sabe para onde, Eduarda Sales vai para Toledo, Caio Pumputis também vai para a América, Bruna Primati e Giovanny Lima estão no rumo de Missouri... enfim, o maior êxodo da natação brasileira desde 1979, quando, numa tacada só, foram, por exemplo, Djan Madruga e Ricardo Prado.
E assim, senhoras e senhores, estamos assistindo um grande funeral para a natação (e os esportes aquáticos) do Brasil. Se nada for feito, pode acontecer o que este site previra: a FINA pode dar um grande castigo ao país e ele terá de competir sob sua bandeira, sem Hino no alto do pódio, como o México. Uma morte lenta e dolorida. Infelizmente, cada vez mais inevitável.
Vamos fazer alguma coisa, atletas. Ou então, uma coroa de flores...
(editorial de Flávio Barbosa)
Nesta quinta, uma bomba atômica explodiu já no início da tarde: a CBDA emitiu uma nota na qual, com o afastamento de sua eminência parda, não haverá Campeonatos Brasileiros de rigorosamente nenhum dos esportes aquáticos. Diz a nota: "Com esta medida os cinco esportes aquáticos envolvidos pararam. E tudo isso, justo no momento em que eram estudadas as possíveis renovações de contratos de patrocínio. Sob ordem judicial, estão com dificuldades de movimentação as contas bancárias, cessados os pagamentos, suspensos os eventos. Até segunda ordem, por questões financeiras, não irão acontecer os Campeonatos Nacionais dirigidos pela CBDA nos cinco esportes aquáticos. Não irão receber seus salários os funcionários".
Em outras palavras: Coaracy pode ter ido, mas sem ele, não tem competições. Open? Esquece. Brasileiro de Nado Sincronizado? Necas! E por aí vai. Ou, como explica Chico Buarque, "se vós não sereis minha, vós não sereis de mais ninguém".
E quem paga? Sim, os atletas. Eles que treinaram o ano inteiro para competir naquela que será sua grande competição no ano. Já deveria bastar perder, no caso da natação, os Brasileiros de Inverno, até hoje não se sabe por quê. Agora, talvez os Brasileiros de Verão nunca se realizem. O próprio Cesar Cielo (Minas/Arizona) até se manifestou, em nota, pelas redes sociais: "Nós treinamos e nos dedicamos quase todo o ano em busca de uma meta. Em busca de centésimos de segundo. Uma vez por temporada temos a chance de competir polidos e descansados. Somente uma vez. Para muita gente, infelizmente, pode ser que esse semestre fique sem essa chance. A suspensão dos campeonatos nacionais traz tristeza, frustração, raiva e muito sentimento ruim. Mas, na minha opinião, acredito que os piores sejam a injustiça e a impotência".
Além disso, muitos jovens atletas brasileiros, vendo que não há mais como continuar, já arrumaram as malas para a América: Felipe Ribeiro de Souza e Ana Giulia Zortea vão para a Florida, Maria Paula Heitmann está de mudança para Arizona, Brandonn Pierry Almeida está se mandando para a South Carolina, Andressa Cholodovskis Lima também está indo, só não se sabe para onde, Eduarda Sales vai para Toledo, Caio Pumputis também vai para a América, Bruna Primati e Giovanny Lima estão no rumo de Missouri... enfim, o maior êxodo da natação brasileira desde 1979, quando, numa tacada só, foram, por exemplo, Djan Madruga e Ricardo Prado.
E assim, senhoras e senhores, estamos assistindo um grande funeral para a natação (e os esportes aquáticos) do Brasil. Se nada for feito, pode acontecer o que este site previra: a FINA pode dar um grande castigo ao país e ele terá de competir sob sua bandeira, sem Hino no alto do pódio, como o México. Uma morte lenta e dolorida. Infelizmente, cada vez mais inevitável.
Vamos fazer alguma coisa, atletas. Ou então, uma coroa de flores...
(editorial de Flávio Barbosa)
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