terça-feira, 27 de julho de 2021

TOQUIO 2020: deixa eu festejar que eu mereço!!!

 


Corria o ano de 1989. Maurício, naquele 21 de Junho, tirava o Botafogo de 21 anos de uma longa fila, com Parabéns dos rivais e tudo o mais. A fervorosa botafoguense Beth Carvalho (QEPD) aproveitou-se disso e gravou um samba inesquecível: Botafogo Campeão. O refrão até hoje ecoa na torcida da estrela solitária e diz: "Esse é o Botafogo que eu amo/Esse é o Botafogo que eu conheço/Tanto tempo esperando esse momento, meu Deus/Deixa eu festejar que eu mereço". Pois muito bem: gostaria de pegar emprestados estes versos para exaltar o bronze de Fernando Scheffer (Minas) nos 200 livre masculino dos JOGOS OLÍMPICOS TÓQUIO 2020+1, trocando o Botafogo pela natação brasileira.

É que foi duro demais ver, nos Jogos que o Rio sediou, há cinco anos, que a natação brasileira, tão aguerrida, passou em brancas nuvens logo num de seus esportes mais vitoriosos. Quem chegou mais perto foi João Luiz Gomes Júnior (Pinheiros), infelizmente ausente desta vez, com o quinto lugar nos 100 peito masculino. Thiago Pereira (hoje aposentado) também pagou pela ousadia de desafiar Michael Phelps (EUA) e jogou fora uma medalha ganha nos 200 medley.

Foi duro aguentar quatro anos, e depois cinco, esperando se perguntar: "quem vai ser nosso medalhista em Tóquio? A natação brasileira vai ressurgir?". Primeiramente, se apostava no nosso Revezamento 4 x 100 livre, pelos surpreendentes resultados no decorrer do ano, com prata no Mundial de Budapeste e ouro no Pan-Pacífico. Mas desde então, ladeira abaixo. Casos de doping e uma preparação malfeita culminaram no oitavo lugar na prova olímpica.

Mas este site acreditava e confiava em Fernando Scheffer desde que, em Dezembro de 2018, se colocou no mapa da natação em caráter definitivo. Revelado pelo GNU, foi para o Minas para brilhar e conseguiu mais do que isso. No mesmo mês, foi campeão mundial de piscina curta com o 4 x 200 livre em Hangzhou (CHN) e ainda bateu recorde sul-americano de piscina longa, tendo recebido, por nós, o apelido de Scheffenômeno.

O tempo passou, a pandemia chegou e Scheffer não se deu por vencido: montou uma academia em sua própria casa para manter a forma. E, meses depois, com o novo descontrole pandêmico, surgiu uma chance de não perder o pique: "conseguimos piscinas em condomínio, mas pequenas, de 15 metros, não eram piscinas ideais. Tem um colega de equipe nosso, o Vinicius Lanza, que tem um sítio e lá tem um açude de 60 metros. A gente improvisou lá, colocamos umas raias, juntamos uns cinco amigos e ficamos lá treinando por 10 dias". E assim foi.

Com tantas dificuldades e altos e baixos, nem a SwimSwam acreditava que ele chegaria a um pódio olímpico. Mas ele chegou: um bronze merecido, fruto do trabalho de um Monet (apelido dado pelos amigos), que veio com sacrifícios e com uma mágica raia 8, com tática conservadora, explodindo no final para chegar só atrás de dois favoritos ingleses (ou, vá lá, britânicos): Tom Dean (1:44.22) e Duncan Scott (1:44.26). Ainda mais: o 1:44.66 foi o novo recorde continental!

Assim, chega ao fim uma agonia da natação brasileira que, desde o bronze de César Cielo (Itajaí), nos 50 livre, em 2012, não sabia o que era medalha. Finalmente há motivos para celebração e, quem sabe, mais haja, já que o 4 x 200 livre - que tem o próprio Scheffer com Luiz Altamir (Ideal Clube), Murilo Sartori (Americana) e Breno Corrêa (Pinheiros) - e Leonardo de Deus (Unisanta) cotado para medalhar nos 200 borboleta.

Por isso, termino dizendo, pedindo emprestado os versos de Beth: "essa é a natação brasileira que eu amo/essa é a natação brasileira que eu conheço/tanto tempo esperando esse momento, meu Deus, deixa eu festejar que eu mereço!"

(editorial com informações do Swim Channel e foto da transmissão do SporTV)

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